domingo, 31 de janeiro de 2010

Psicografia


Quando sentei naquela cadeira senti o cheiro da cela, do candelabro da Candelária que estava perdoando os carcerários da doença terem nascido com uma alma que não é sua e sim daqueles que foram assassinados por erros que não cometeram por si mesmo. Quando morreram só viram flores, flores que choravam lágrimas, lágrimas de quem não queria derramar sangue e sim alegria por ter protegido alguém que nem sabia que tinha sido salvo.
Eu não nasci, eu morri, mas vivo sempre dentro daquilo que nunca vivi e daquelas coisas que me faltaram, coisas que alguém me disse achando que não se incorporaria lá dentro de algo menor do que o meu átomo divisível, mas eu não culpo, simplesmente não pergunto, somente peço que não viva tudo, viva sempre aquilo que é seu, porque quando for meu, tenho certeza que você saberá.
Adoro tudo que me tira aquilo que tenho de bom, que testa sem querer e sem saber que isso existe em sua vida, pois aprendo com isso.
Nossa existência já se foi, tudo isso é co-repetição de alguém que tem o dom de ilustrar o quadro mais bonito e mais lúdico de tudo o que todo o ser humano não sabe que falta algo que não tem para sentir daquilo que deve para os outros.
Te perdôo e me perdôo por não me conhecer.

(Mázzar)

Despretensão


Minha música não se dispõe aos outros porque ela já existe.
Não se pede para escrever, só vem se você merecer. Isto não é para você, isso é para os músicos.
Eu não tenho nada, não tenho nem instrumentos...
Somente um conjunto arquitetônico de pessoas que eu nem conheço e nem idolatro porque fazem com que eu pague meus pecados. Pecados que eu nem sabia que estava cometendo, mas paguei e vou continuar pagando. Sabe por quê? Porque eu não quero nada com isso, eu só quero que sejam sinceros e sinceridade é uma evolução.
Você ainda vai evoluir, está tendo uma oportunidade devido a sua ingenuidade que te carrega, pois não sabe que a despretensão é o alimento da alma para quem quer ser feliz...
Não queira nada, queira somente aquilo que você tem para dizer, que é você, que é tudo ou quase tudo daquilo que você nem sabe que existe dentro da gente.
Não se sinta o outro, somente sinta e passe o que tem de melhor.
Eu quero que faça bem principalmente a você, algo que vai te surpreender quando não pensares e sim sentires...
Não deixem que te levem para aquilo que eles queriam ser.
Quanto à intuição, ela não existe para quem estuda a música e sim para quem não quer agradar as pessoas que se sacrificam tentando executar algo que os outros pretendiam fazer.
Sua intuição é única, pois você mesmo não consegue reproduzi-la. Isso é o espírito da música e não o corpo malhado com vários arpejos...
Diminua que você aumenta.

(Mázzar)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Veneno Sem Perdão


Mais uma gota do vinho caiu dentro da sua garganta de bacante, mas antes deixou sua língua roxa, tirando o roxo dos seus lábios de tão pouco que era.
O sabor não vinha da cor e sim do pecado que o resto daquela bebida preencheria na cor de rubi que refletia a luz com o seu interior cheio de ar.
Se eu te beijasse existiria perdão, mas prefiro o pecado.
Prefiro a morte que nasce depois que uma vida se estabelece!
(Mázzar)

Déjà Vu


Quando eu te senti
o teu cabelo dado ao vento me chamou
como uma réstia do destino em que eu vivi
levando em frente um amor
que parecia um déjà vu

Tal como um átomo do meu corpo
reconhecendo o outro
do corpo ao lado
do corpo alado
(Mázzar)

Cigarro em Lágrimas


A gentileza talvez com certeza!
Porque não pedíamos e não esperávamos. Mas o cigarro, esse sim, esse pede!
Tudo bem. Dobrei minha perna sobre minha panturrilha esquerda, dali a pouco a esquerda sobre a direita. Minhas pernas já estão descansadas, mas o cigarro está quase em lágrimas...

Estávamos ludicamente embriagados pela embriaguês dos outros, prefiro a alheia.

O bar continua lá, mas a fumaça migrou para dentro de casa, de preferência no quarto. Na madrugada. Escondido de outros. Como se fosse um crime instigado pela bebida. Sufocado pela ausência da liberdade de se sentir livre daqueles que você queria que soubessem que você exala fumaça e inala suspiros de quem se sente aliviado por soltar a angustia e suspiros de quem sofre por descobrir o vício de quem sofria por esconder algo que nunca quis omitir.

(Mázzar)

Asas


Nada me leva. Tudo me carrega.
Nada me impulsiona. Tudo me conduz.

Você sabe que eu te levo, mas eu te busco.
Te deixo, mas não te entrego.
Te solto, mas não te largo.
Você sabe que é livre, mas não tem asas para voar se eu não fizer com que elas cresçam.
Mas dentro do meu ser queria ter você só para mim, mas eu não...

Não quero te perder, não quero te prender, só quero te acompanhar...

Você gosta tanto da forma como eu te olho, te falo, te escuto, te toco, te beijo te sinto, te desejo e te aceito.
Tanto e tanto que quando eu não faço você reclama.

Te quero tanto que não entendo se é bom ou ruim...
Talvez se eu entendesse, não teria escrito isso.

(Mázzar)

Taça, Teça, Teia


Que a meia taça no teu seio aqueça e teça com toda a força.
E a infragilidade dê/forma ao tamanho e possa romper...
Eu diminuiria ao tamanho de uma aranha, se o meu tamanho amor fizesse com ela arrebentasse com o peso do meu corpo.
Prefiro a leveza da minha alma embutida na forma de um orvalho na teia do seu amor.

Gosto do seu tamanho, não o mude...
Já não consigo com ele mesmo, se você o diminuir, não diminua junto com o seu corpo e sim com sua carência de ser amada da forma física em que você se doa devidamente, sem se sentir mais linda e sim amada.
Não mude. Não se ache pesada na forma do corpo e sim leve para o ser amado.

Mordi o meu amor e descobri que o pedaço que eu tirei de tanto amar não veio em forma de amor e sim de medo que talvez ele não existisse, aí ele diminuiu...

(Mázzar)