segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dedos Primatas

Não, não pensei, sempre senti e nunca pressenti. Somente usei os dedos, os dedos dos pés que ainda não sei porque existem, pois somente levam em vão todas as lavas e todas as levas da minha vida. A minha vida sem falar, estava ouvindo o que os dedos deles, que são envolvidos involuntariamente a escrever (sem dar a chance de desenvolver) indagam. Meus dedos são curtos. Curtos são porque só levam e não perguntam para onde... Eu não tenho dedos, somente tenho tamanho. Menos daquilo que era preciso para deixar de levar e parar para poder questionar o caminho que, quando te levam, sei antes de você, que o passo que me leva tendo os pés como chefes não se pode dizer se está certo ou errado. Meus dedos são atribuídos a uma forma que eu não escolhi e sim absolvi. Uma constância levada pelo peso e pela gravidade do corpo que está em cima de mim. Sou somente dedos e, se preciso deles, é porque eu não tropeço, só abraço os caminhos do vento embutido dentro de um sapato sem sentir o cheiro, pois se eu sentisse antes de dar um passo, sua vida não seria a mesma. Meus dedos dos pés não caminham e sim são dedos presos, presos pelos sapatos, que são celas que me protegem e deixam que a vida de todo o corpo que está acima, viva como um pêndulo. Não preciso de ar, só preciso que me deixem limpos, pois todo o dedo tem que ser esquecido, pois quando é lembrado, tira o equilíbrio de quem acha que está ereto... Meus dedos são dez, mas os dos pés não tem números, pois fazem com que você conte aqueles que te ensinam nas palavras, que são os dedos das mãos.
(Mázzar)

Asas Cortadas

Tudo o que você escreve é como se fosse armar uma arapuca que, quando você acorda é uma parte de você que, amarradas uma lasca a outra, faz com que descubra o destino que armou para pegar aquilo que já viveu e não teve o tempo futuro para aquilo que queria saber e só descobriu depois que a arapuca caiu e prendeu o todo do vôo e as belezas dos pássaros que enxergariam e não bateriam as asas só por serem dinâmicos ao ar em torno do vôo, tendo assim moldado a sua vida da mesma forma que a arapuca caiu, pois se ela não fosse amarrada lasca sobre lasca, não teria me prendido e nem prendido os caminhos pela terra e os vôos pelo vento. Minha arapuca quando cai não prende... só se arrepende.
(Mázzar)

Borboletas em gases.

Passo a passo eu posso te escrever... Será? Não sei se entendes se quero escrever ou te escrever, pois o último de tudo o que eu escrever de você, já é velho... Seu combustível é o mesmo, mas quando queima, a fumaça exalada já esta em outro lugar, carregado por outro vento, de uma outra maré, criando outros desenhos como se fossem nuvens, mas sem o tempo de imaginar o seu desenho, porque sua vida é mais longa do que a alma de uma borboleta que vive poucas horas e consegue traçar o desenho de seu combustível queimado, por enxergar mais e viver menos.
(Mázzar)

Irmão sem culpa. Pai com culpa.

“C” de seio que se escreve com s e que me leva a uma cela, de escrita certa, que deveria ser como ela que tem o vento batendo em seus mamilos e endurecendo-os com o seu sopro, me levando como se eu estivesse numa asa delta sem controle e me soltando no abismo...

(Mázzar)

Anti-dotô da depressão

Prefiro escrever minha vida de trás para frente desacreditando que ela já foi escrita de frente para trás. Posso pelo menos deixar de olhar o meu novo passo antes de andar, para continuar dando sentido a ela, pois a cura da depressão é o novo, é o não saber o que já é seu, sem nada antecipar, é não perder assim, a surpresa do destino.
(Mázzar)

Sentimentos

Não espero nada se sinto, se sorrio sem entender o que me faz absolver a dor saída de dentro para fora, que não vale para nada, mas eu interpreto como se fosse todo o sentimento das coisas e das pessoas. Sentir não precisa o controle das coisas. É para deixar fluir e não para ser interpretado. Sinto que nada sei se sinto o que sempre sentirei.

(Mázzar)

Buraco Negro

Sempre que percebo o sentido de sentir que vem a tona, digo para mim mesmo: sinto sua falta! Essa falta está dentro de mim, envolvida em uma grande montanha que, quando percebo que estou sentindo aquilo que me ferve, que me derrete, me queima, derretendo toda a neve que ofusca os olhos de quem vê de cima, refletido pelo sol, transforma aquele sentimento que existia como gelo de todo sentimento derretido. Descendo como um rio de lágrimas e revelando todo o desenho de todas as faces dessa montanha rochosa que sou eu, que por deixar de sentir, muitas vezes esqueço-me de viver todas as estações, que não são só geleiras, só frias, só inverno. Se eu não sentisse, não queimaria dentro de mim para conhecer outras estações. Meu vulcão te explica e te modifica, fazendo com que tudo se encaixe, amalgamando o tempo, como se fosse levado na velocidade da luz de algo que já é frio e morto

(Mázzar)

Agonia

Não me custo. É simples assim porque não devo a algo que me impulsiona me levando em uma direção que não tem caminho certo e sim um caminho que eu tenha que descobrir. Porque se me encontro em outras coisas que se parecem comigo, me questiono e perco tempo em descobrir algo que pode me surpreender e me ensinar como a Ana Insana... Amo a dúvida e odeio o medo de ter que decifrá-la. Eu achava que copiar era plagiar. Hoje eu vejo que é dar continuidade ao belo. A tristeza é a mais fina das verdades da alma no sentido da dor, porque quando ela vem, faz com que você preste atenção ao contrário da alegria. O excesso da simpatia é o que esconde a agonia

(Mázzar)

Modéstia à parte

Quando te vi não percebi. Quando falei não compreendi. Quando senti não consumei. Quando te tive não assumi. Quando perdi só te ganhei. Quando busquei não abriguei. Quando te amei não acreditei. Quando criei não enxerguei. Quando duvidei não aceitei. Quando confiei só me perdi. Quando te quero só me pergunto. Quando te vejo só me apago. Quando te sinto só me confundo. Quando é você não acredito. Quando é seu ser eu não mereço.

(Mázzar)

Silhueta

A argola da tua bolsa é preta. A cor negra não aparece quando vejo a cor do teu decote. ... E te beijo. Quero-te e te perdôo. Não preciso e não desdenho. A cor do preto é o verde da luz que só se exalta quando a silhueta é negra. Preto de cor, mas branca, clara, transparente da sua alma, que é a cor da água que deslumbra o contorno dos peixes. Amo-te.

(Mázzar)

Sentimento Oposto

Meu amor é só teu. Meu corpo é só meu. Meu sentido é do acaso.
Mas quando eu penso não correspondo.
Eu só não entrego o correto e sim o errado do que eu acho que é o oposto do certo.
Meus sentidos não te julgam e não colocam o seu corpo no estado que você quer estar sentindo.
Mas, aceitando o sentido da suavidade, que é o peso, o peso do amor que todos pesam, que é leve e não é, pois senão seria o estouro da pedreira dinamitada com toda a força da raiva e do inesperado.

(Mázzar)